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Jabuti recebe prótese de casco feita em impressora 3D após incêndio

Durante três meses, voluntários trabalharam para fazer uma prótese, fabricada numa impressora 3D.

O Fantástico mostra três histórias de solidariedade. Três bichos que precisam de ajuda e podem ser salvos pela tecnologia.

No meio do caminho, tinha uma janela, que Zequinha acertou em cheio. No meio do caminho, tinha um incêndio, que pegou Fred de surpresa.

“Em uma dessas queimadas acabou sendo atingida por esse fogo, causando essa lesão que destruiu totalmente o casco”, destaca Rodrigo Rabello, veterinário.

“Ele fraturou esse bico dando de encontro com um prédio que tinha o vidro todo espelhado”, conta Cristina Harumi Adania, coordenadora de fauna da Associação Mata Ciliar.

Os dois animais provavelmente teriam morrido, não fosse a dedicação de várias pessoas, espalhadas pelo Brasil. Elas usaram tecnologias super modernas para ajudar o Fred e o Zequinha. E os dois não são os únicos. Há dois meses, um flamingo apareceu muito machucado no zoológico de Sorocaba, no interior de São Paulo, apareceu muito machucado.

“Nossa residente encontrou o animal sangrando e já com uma fratura nessa porção da pata”, conta André Costa, veterinário Zoo-Sorocaba.

Foi preciso amputar a perna. E, para salvar o bicho, foi feita uma prótese de fibra de carbono, um material bem leve e muito resistente. Todo dia, esse procedimento tem que ser feito logo de manhã, bem cedinho. Eles pegam a prótese e colocam no flamingo.

Por enquanto, o animal fica sozinho.

“Ele já está andando bem. Mas precisa de muito ainda para poder acompanhar o grupo. Se ele for rejeitado ele pode ficar deprimido. Ele pode apanhar dos outros. Ficando deprimido, ele pode parar de comer”, conta André Costa, veterinário.

Fantástico: Se ele não tivesse a prótese, o que que teria acontecido com ele?
Veterinário: Com uma perna só, ele não sobreviveria.

O Zequinha também correu um enorme risco de vida. Mas seu destino mudou quando foi levado para uma associação em Jundiaí, também no interior de São Paulo, que cuida de animais silvestres.

“Logo de cara a gente percebe que o bico é importante, como se fosse os nossos dentes. Além disso, o bico é importante para a defesa do bicho”, conta a veterinária.

Sem um pedaço do bico, o Zequinha dependia totalmente do pessoal da associação. Ele precisava de frutas já cortadinhas para comer.

“Sozinho, ele jamais conseguiria se alimentar”, diz Cristina.

Sozinho, o jabuti também não teria sobrevivido. Um casal o encontrou queimado na mata em Brasília levou para o amigo Rodrigo, um veterinário apaixonado por animais silvestres. Rodrigo adotou o bichinho e deu o nome de Fred.

“Quando a gente viu o animal naquele estado, a gente falou, nossa ele parece o Freddy Krueger”, conta Rodrigo.
Mas, depois de um tempo, acabou descobrindo que o jabuti não era bem o Fred. “Começou a tratar do animal a gente viu que tratava-se se uma fêmea”, diz Rodrigo

Era a Fred. Quando foi resgatada, Fred ainda tinha um restinho de casco na borda, que logo caiu. Ela ficou totalmente desprotegida. Sem o casco não dá para ficar muito tempo no sol, se não, ela pode sofrer queimaduras. Outro risco é o espinho, se ela chega aqui perto, pode ficar toda arranhada.

Mas Rodrigo queria não só salvar a vida de Fred. Ele queria que ela pudesse andar despreocupada por aí. Para isso, pediu a ajuda de três amigos.  Durante três meses, eles trabalharam para fazer uma prótese, fabricada numa impressora 3D. Um tipo de impressora que ‘fabrica’ peças que seriam muito difíceis de fazer com equipamentos comuns. Deu um trabalho. Primeiro, Fred foi fotografada em todos os ângulos.

“Mais ou menos umas 40 fotos. Pegamos um animal saudável, tiramos as mesmas 40 fotografias, reconstruímos esse animal em 3D, jogamos para dentro do computador”, conta Cícero Moraes, designer gráfico.

Em Sinop, interior de Mato Grosso, o designer Cícero projetou o casco na medida exata para Fred. E mandou as informações para o Paulo, um dentista de Santos, no litoral paulista. Aí, começou a etapa mais demorada: a impressão.

“Só para sair essa peça aqui foram 50 horas de impressão, é muito mais do que a gente imaginava”, diz Paulo Miamoto, dentista.

Depois de uma semana na impressora, as peças passaram pelo acabamento e polimento.
Enquanto isso, Fred pegava a estrada de Brasília a Santos, local da cirurgia. O cirurgião dele é o mesmo do Zequinha, o Roberto, um especialista em animais selvagens.

A operação começou tensa. O bico, mostrado no vídeo acima, é de um animal que já morreu que foi esterilizado, higienizado, para matar todo tipo de vírus e bactérias, já está pronto para ser usado no Zequinha.

“Nosso objetivo é que ele volte a interagir com os outros animais, usar o bico da melhor forma possível”, diz o veterinário.

Em Santos, depois de muita luta, o pessoal conseguiu, enfim, anestesiar a Fred, mas os problemas não acabaram. Na hora de prender o casco, era muito resistente. Mas eles insistiram e conseguiram unir as quatro partes do novo casco de Fred. se encaixou tão bem, que nem foi preciso parafusar o casco no corpo.

“É a primeira prótese de casco 3D em jabuti no mundo”, destaca o veterinário.

“Isso aqui é um marco no que diz respeito a esses procedimentos em medicina veterinária. Daqui para a frente a gente vai ter uma nova Era. No que diz respeito, principalmente, a animais silvestres”, diz Rodrigo.

Com a prótese, Zequinha já consegue comer sozinho, esta semana, quebrou um pedacinho do novo bico. Os veterinários vão avaliar se será preciso refazer a cirurgia. Fred voltou para Brasília e se deu bem com casco novo. Agora tem onde esconder a cabeça, se proteger, está livre para tomar sol, andar pelo jardim.

E pensa que o casco vai ficar para sempre branco? Em breve ela vai visitar um artista, para mudar o visual! Que tal Fred, tatuada assim?  O flamingo, nos próximos dias, deve ser colocado para viver de volta com seu grupo. Vida nova para esse trio de bichinhos, que passou por maus bocados e ganhou uma nova chance graças à solidariedade, à criatividade e à tecnologia.

“Nossa satisfação é total, a gente vai se empenhar em salvar uma vida, seja ela qual for”, diz veterinário.

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